A pandemia da COVID-19 instalada em 2020 trouxe impactos sociais importantes e obrigou a população do mundo inteiro a se adaptar e criar um novo modo de viver. Isolados uns dos outros e ainda assustados com as notícias e o futuro incerto, atores das diversas áreas e camadas sociais viram-se obrigados a analisar as situações do momento e decidir como enfrentar a nova realidade.
Nesse cenário, as universidades foram esvaziadas, o que exigiu que gestores e professores, numa construção coletiva, elaborassem um plano capaz de suprir a lacuna do encontro presencial entre professor, aluno e universidade.
Era hora de retomar os conhecimentos didáticos pedagógicos existentes para aperfeiçoá-los, aproveitar a oportunidade para aprender algo novo e principalmente compartilhar saberes com o objetivo solidário de unir forças e deixar a forma de ensinar e aprender mais leve, garantindo a qualidade do aprendizado.
Um novo modelo de ensino foi criado de forma compartilhada, considerando que todos estariam distantes da sala de aula presencial. Surgiu, então o ensino remoto emergencial (ERE), modalidade que muitas instituições de ensino superior adotaram como estratégia. Remoto, uma vez que para conter a propagação da COVID-19 era necessário o distanciamento, o que impedia a ocupação dos espaços físicos e emergencial pelas circunstâncias com que os planos pedagógicos precisaram ser refeitos.
Desafios do ensino remoto no curso de fisioterapia
A mudança repentina do ensino presencial para o EAD, quase sem nenhum planejamento, trouxe inúmeros desafios para gestores, professores e alunos, que dificultam a aprendizagem longe da sala de aula.
De acordo com Cesar Barreto, Executivo de Contas LATAM na Turnitin, empresa global de tecnologia educacional, os desafios do ensino remoto e híbrido afetam instituições, educadores, alunos e familiares. O ensino totalmente remoto já não é uma tarefa fácil, mas unir as modalidades presencial e online pode ser um desafio ainda maior. No entanto, com a colaboração de todos para encontrar alternativas, foi possível superar alguns dos obstáculos e até criar novas práticas que poderão ser levadas adiante.
1. Concentração
Para o professor pode ser difícil manter a atenção dos alunos durante a aula remota e esse tem sido um dos principais desafios para muitos deles.
No ambiente familiar as distrações podem estar presentes o tempo inteiro, nem todos os alunos, e até mesmo professores, têm um espaço tranquilo e silencioso para estudar, além da ansiedade gerada pelo fato de estar em casa o tempo todo.
Manter a motivação tanto de quem está na sala de aula quanto de quem está em casa é uma das tarefas mais difíceis tanto para estudantes quanto para educadores.
2. Avaliações e acompanhamento
De acordo com Barreto, outro desafio bastante comum no ambiente remoto é a avaliação dos alunos, uma etapa fundamental do processo de aprendizagem, além de garantir a integridade dos trabalhos entregues. E não se trata apenas de uma nota, mas é a maneira do educador saber se o aluno está ou não absorvendo os conceitos durante as aulas.
Fora do ambiente presencial as avaliações tornaram-se um desafio e as instituições e os docentes precisaram encontrar novas maneiras tanto de aplicar provas e outros tipos de avaliações, quanto de verificar se o método estava realmente funcionando para o desenvolvimento do aluno.
O curso de Fisioterapia
O curso de Fisioterapia dura 4 ou 5 anos dependendo da instituição. Os alunos têm matérias teóricas e práticas. No começo do curso, as matérias são mais de introdução aos conceitos e mais para frente, os futuros fisioterapeutas começam a ter matérias específicas da profissão.
A fisioterapia e o atendimento remoto
Diante da situação também houve mobilização dos conselhos de classes para se adequarem aos novos desafios impostos pela COVID-19, especificamente o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), com a Resolução nº 516/2020, que possibilitou o teleatendimento nas modalidades de teleconsulta, teleconsultoria e telemonitoramento.
A Teleconsulta consiste na consulta clínica registrada e realizada pelo Fisioterapeuta ou Terapeuta Ocupacional à distância.
De acordo com o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional o Telemonitoramento consiste no acompanhamento à distância, de paciente atendido previamente de forma presencial, por meio de aparelhos tecnológicos.
Nesta modalidade o Fisioterapeuta ou Terapeuta Ocupacional pode utilizar métodos síncronos e assíncronos, como também deve decidir sobre a necessidade de encontros presenciais para a reavaliação, sempre que necessário, podendo o mesmo também ser feito, de comum acordo, por outro Fisioterapeuta ou Terapeuta Ocupacional local.
A Teleconsultoria consiste na comunicação registrada e realizada entre profissionais, gestores e outros interessados da área de saúde, fundamentada em evidências clínico-científicas e em protocolos disponibilizados pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, com o fim de esclarecer dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas ao processo de trabalho.
O Fisioterapeuta ou Terapeuta Ocupacional tem autonomia e independência para determinar quais pacientes ou casos podem ser atendidos ou acompanhados a distância, tal decisão deve basear-se em evidências científicas no benefício e na segurança de seus pacientes.
Até o fim de março de 2020, o COFFITO proibia o atendimento não presencial de pacientes. A inovação na fisioterapia consiste em oferecer consultas, diagnósticos e orientações de exercícios aos pacientes à distância, por meio de um computador, celular e de uma plataforma de vídeos.
A fisioterapia e o ensino remoto
Diante da pandemia da COVID-19, o COFFITO liberou em caráter de exceção que as aulas do curso de Fisioterapia pudessem ser ministradas de forma completamente remota.
Neste contexto, com efeito causado pela suspensão das atividades letivas presenciais, por todo o mundo, gerou a obrigatoriedade dos professores e estudantes migrarem para a realidade virtual, porém faz-se necessário, contudo, destacar que o método de ensino a distância para esse determinado curso não é a melhor opção.
Ao ter como objetivo de estudo a função do movimento humano e como objeto profissional a restauração de funções, sistemas e órgãos lesionados, o fisioterapeuta recebe uma formação humanista, generalista, crítica e reflexiva. Isso o capacita a atuar em diferentes níveis na área da saúde dependendo de seus estudos, pesquisas e rigor científico.
A grade curricular do curso de Fisioterapia conta com diversas matérias que necessitam de aulas práticas como Cinesiologia, Biomecânica, Anatomia Humana, Anatomia Palpatória etc.
O objetivo da aula é proporcionar aos alunos os desenvolvimentos e habilidades das técnicas de manipulação necessárias para o tratamento fisioterapêutico em determinadas patologias.
As aulas práticas são essenciais, pois os acadêmicos podem lidar com situações reais de todos os tipos de casos, então futuramente terão maior facilidade para ingressar no mercado de trabalho e com grande experiência prática.
As aulas práticas foram suspensas temporariamente a fim de nos mantermos distantes uns dos outros para que não houvesse maior propagação do vírus da COVID-19, ficando assim, somente com aulas teóricas via computador e celular, causando uma defasagem de ensino, tendo em vista que o fisioterapeuta tem suas mãos como principal instrumento de trabalho, são elas que estarão em contato com o paciente para avaliar e identificar sintomas físicos. São elas que tocam, cuidam, reabilitam e curam.
O fisioterapeuta precisa saber como se relacionar com o paciente, oferecendo atenção individualizada, avaliando e cuidando de quem o procura.
*Nathalia Ribeiro é aluna do quinto ano do Curso de Fisioterapia pela FASM – Faculdade Santa Marcelina de São Paulo, além de redatora do Portal Salario.com.br.